sexta-feira, 8 de junho de 2012

Sem título


O sangue borbulhando em minhas veias
O ar que relutava ao entrar em meus pulmões
As mãos de meus entes queridos nas minhas
Trêmulas, sem força
Frias, pálidas

A dor
A dor sem fim
Com a qual lutava arduamente
A dor que agora me possuía por inteiro
Que tomava para si minha existência

As lágrimas que corriam pelo meu rosto
Em uma tentativa desesperada
De levar embora com elas
Toda a angústia
Toda a tortura

A vida por um fio
Um piscar de olhos
Um batimento cardíaco
E tudo se foi.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Noites solitárias em Istambul


                Em meio à beleza e ao espanto, perdi-me nas ruas de Istambul. Aquela Istambul, que elevou meu espírito e libertou minha alma. Senti a chuva fina levemente umedecer meu corpo vazio e levar-me para qualquer lugar. O refresco momentâneo e passageiro da água confundia-se com o calor que irradiava de minha pele devido aos dias quentes do Mediterrâneo. Distraidamente lia um letreiro ou outro, ouvia uma música qualquer. Aquela cidade, que outrora me fascinava e cativava em seus mais minuciosos detalhes, agora assumia o caráter de qualquer outra metrópole cinzenta e banal. Eu já não estava mais ali –na verdade, nem sabia onde estava.
                Repentinas eram todas as mudanças de Istambul. Na verdade, não sei se foi Istambul que mudou, ou fui eu quem mudou Istambul. A cada piscar de olhos, a cada soar das cordas de um músico de rua, a cada gota d’água, uma mudança. A cada sorriso, a cada olhar, a cada palavra indecifrável, um momento. Efêmero.
                Não sei o que fiz em seguida, mas isso pouco importa. O vento frio do inverno açoitava-me os braços e carregava-me inconsciente para qualquer sarjeta mais próxima, onde pudesse descansar meu corpo débil. O verão tinha se dissolvido em meio à atmosfera que a cidade assumira repentinamente.
                Porém minha alma lá permanece, esquecida em alguma esquina de Istambul, entre os jardins floridos da primavera e os galhos secos do outono. Paradoxal, simples assim. Paradoxal como corpo e alma. Paradoxal como Istambul.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Descrição. Só que não.


Não sei por onde começar... Talvez eu devesse me apresentar e depois apresentar o blog. Mas é um tanto quanto complicado e contraditório autodescrever-me enquanto eu nem sei quem sou. Difícil descrever o intuito deste blog se, na verdade, ele não possui um. Bem. Vamos tentar começar pelo segundo tópico.
Fiz este blog para botar para fora tudo o que eu sinto. Já faz algum tempo (mais precisamente, quatro anos) que todas as minhas angústias e crises existenciais são jogadas pra fora através da escrita, seja ela em prosa ou poesia. Mas nunca senti vontade de compartilhar o que acabava resultando desse processo. Pois bem, as coisas mudaram: muita gente pedia para ler, eu mostrava. E meus amigos próximos acabaram conhecndo grande parte do meu acervo sentimental. Dessa forma, já que a privacidade foi parcialmente perdida, decidi perdê-la de vez e compartilhar com o mundo todo através deste blog.
Como já disse anteriormente, o principal objetivo da minha escrita não é utilizar palavraas bonitas, recursos linguísticos ou métricas inovadoras. E muito menos agradar alguém, que isso fique bem claro. Meu intuito é jogar para fora minha angústia, felicidade, melancolia, saudade, ou qualquer outra coisa que eu venha a sentir. Se agradar, muito que bem. Se não agradar, muito que bem também.
Se sentir necessidade, vou compartilhar aqui também frases, músicas ou imagens relevantes que me causaram algum tipo de impacto. Então não se assustem ao se deparar com alguma citação de Nietzsche por aqui: não estou plagiando ninguém. E não me comprometerei a escrever apenas em português. Tenho coisas escritas também em inglês, espanhol e até mesmo turco.
Certo, acho que cumpri um dos tópicos. Vamos para o que deveria ter sido o primeiro, mas não foi. O que deveria ser mais fácil, mas não é. Talvez seja melhor deixar isso para depois, ou talvez o próprio leitor venha a descobrir quem eu sou através dos meus textos.
Deixo aqui meu Twitter e meu Tumblr, caso queriam entrar em contato ou tentar desmascarar um pouco mais da minha vã existência. Enfim.
Adeus por ora.